25 de jul. de 2010

Yvonne do Amaral Pereira

Biografia de Yvonne do Amaral Pereira




A Infância de Yvonne:

Yvonne do Amaral Pereira nasceu na antiga Vila de Santa Tereza de Valença, hoje Rio das Flores, sul do Estado do Rio de Janeiro, em 24/12/1900, às 6 horas da manhã. O pai um pequeno negociante, Manoel José Pereira Filho e a mãe, Elizabeth do Amaral Pereira. Teve 5 irmãos mais moços e um mais velho, filho do primeiro casamento da mãe.


Aos 29 dias de nascida depois de um acesso de tosse, sobreveio uma sufocação que a deixou como morta (catalepsia ou morte aparente). O fenômeno foi fruto dos muitos complexos que carregava no espírito, já que, na última existência terrestre, morrera afogada por suicídio. Durante 6 horas permaneceu nesse estado. O médico e o farmacêutico atestaram morte por sufocação. O velório foi preparado. A suposta defunta foi vestida com grinalda e vestido branco e azul. O caixãozinho branco foi encomendado. A mãe se retirou a um aposento, onde fez uma sincera e fervorosa prece a Maria de Nazaré, pedindo para que a situação fosse definida, pois, não acreditava que a filha estivesse morta. Instantes depois, a criança acorda aos prantos. Todos os preparativos foram desfeitos. O funeral foi cancelado e a vida seguiu seu curso normal. Este episódio de catalepsia viria a repetir-se várias vezes ao longo da sua vida, isso deveu-se as muitas perturbações que seu espírito trazia. A sua infância também foi marcada por um forte sentimento de culpa devido às lembranças que Yvonne tinha das suas vidas passadas.


A família de Yvonne:

O pai, generoso de coração, desinteressado dos bens materiais, entrou em falência por três vezes, pois favorecia os fregueses em prejuízo próprio. Mas tarde, tornou-se funcionário público, cargo que ocupou até sua desencarnação, em 1935. O lar sempre foi pobre e modesto, conheceu dificuldades inerentes ao seu estado social, o que, segundo ela, a beneficiou muito, pois bem cedo alheou-se das vaidades mundanas e compreendeu as necessidades do próximo. O exemplo de conduta dos pais teve influência capital no futuro comportamental da médium. Era comum albergar na casa pessoas necessitadas e mendigos. Sua família era toda espírita. Os exemplos de disciplina e austeridade que recebeu dos pais tiveram um influência decisiva no seu comportamento como médium e, embora, por um lado, essas atitudes tivessem feito com que vivesse afastada do mundo – favorecendo o desenvolvimento e recolhimento mediúnicos –, por outro lado, tornaram-na um pessoa tímida e triste.


A mediunidade de Yvonne:

Aos 4 anos já se comunicava áudio-visualmente com os espíritos, aos quais considerava pessoas normais encarnadas. Duas entidades eram particularmente caras: O espírito Charles, a quem considerava seu pai terreno real, devido a lembranças vivas de uma encarnação passada, em que este espírito fora seu pai carnal. Charles, espírito elevado, foi seu orientador durante toda a sua vida e atividade mediúnica. O espírito Roberto de Canalejas, que foi médico espanhol em meados do século XIX era a outra entidade pela qual nutria um profundo afeto e com a qual tinha ligações espirituais de longa data e dívidas a saldar. Mais tarde, na vida adulta, manteria contatos mediúnicos regulares com outras entidades não menos evoluídas, como o Dr. Bezerra de Menezes, Camilo Castelo Branco, Frederic Chopin e outras.

Aos 8 anos repetiu-se o fenômeno de catalepsia, associado a desprendimento parcial. Aconteceu à noite e a visão que teve, a marcou pelo resto da vida. Em espírito, foi parar ante uma imagem do “Senhor dos Passos”, na igreja que freqüentava. Pedia socorro, pois sofria muito. A imagem, então, cobrando vida, lhe dirigiu as seguintes palavras: “Vem comigo minha filha, será o único recurso que terás para suportar os sofrimentos que te esperam”, aceitou a mão que lhe era estendida, subiu os degraus e não lembra de mais nada. De fato, Yvonne foi uma criança infeliz. Vivia acossada por uma imensa saudade do ambiente familiar que tivera na sua última encarnação na Espanha e que lembrava claramente.

Considerava seus familiares, principalmente seu pai e irmãos, como estranhos. A casa, a cidade onde morava, eram totalmente estranhas. Para ela, o pai verdadeiro era o espírito Charles e a casa, a da Espanha. Esses sentimentos desencontrados e o afloramento das faculdades mediúnicas, faziam com que tivesse comportamento considerado anormal por seus familiares. Por esse motivo, até os dez anos, passou a maior parte do tempo na casa da avó paterna.

O seu lar era espírita. Aos 8 anos teve o primeiro contato com um livro espírita. Aos 12, o pai deu-lhe de presente “O Evangelho segundo o Espiritismo” e o “Livro dos Espíritos”. Que a acompanharam pelo resto da vida, sendo a sua leitura repetida, um bálsamo nas horas difíceis. Aos 13 anos começou a freqüentar as sessões práticas de Espiritismo, que muito a encantavam, pois via os espíritos comunicantes. Teve como instrução escolar o curso primário. Não pôde, por motivos econômicos, fazer outros cursos, o que representou uma grande provação para ela, pois amava o estudo e a leitura. Desde cedo teve que trabalhar para o seu próprio sustento, e o fez com a costura, bordado, renda, flores, etc.

Como já vimos, a mediunidade apresentou-se nos primeiros dias de vida terrena, através do fenômeno de catalepsia, vindo a ser este, um fenômeno comum na sua vida a partir dos 16 anos. A maior parte das reportagens de além-túmulo, dos romances, das crônicas e contos relatados por Yvonne, foram coletados no mundo espiritual através deste processo, na hora do sono reparador. A sua mediunidade, porém, foi diversificada. Foi médium psicógrafo e receitista assistida por entidades de grande elevação, como Bezerra de Menezes, Charles, Roberto de Canalejas, Bittencourt Sampaio. Praticou a mediunidade de incorporação e passista. Possuía mediunidade de efeitos físicos, chegando a realizar sessões de materialização, mas nunca sentiu atração por esta modalidade mediúnica. Os trabalhos, no campo da mediunidade, que mais gostava de fazer eram os do desdobramento, incorporação e receituário. Como foi dito, através do desdobramento noturno que Yvonne navegava através do mundo espiritual, amparada por seus orientadores, coletando as crônicas, contos e romances que foram publicados. Como médium psicofônico, pode entrar em contato com obsessores, obsidiados e suicidas, aos quais, devotava um carinho especial, sendo que muitos deles tornaram-se espíritos amigos. No receituário homeopático trabalhou em diversos centros espíritas das várias cidades em que morou durante os 54 anos de atividade. Foi uma médium independente, que não se submetia aos entraves burocráticos que alguns centros exercem sobre seus trabalhadores, seguia sempre a “Igreja do Alto” e com ela exercia a caridade a qualquer hora e a qualquer dia em que fosse procurada pelos sofredores. O espírito do Dr. Bittencourt Sampaio lhe informou que o casamento não fazia parte das suas experiências evolutivas nesta encarnação, devido a não ter sabido respeitar no passado a sagrada instituição familiar.

Foi uma esperantista convicta e trabalhou arduamente na sua propaganda e difusão, através de correspondência que mantinha com outros esperantistas, tanto no Brasil, como no exterior. Desde muito pequena cultivou o estudo e a boa leitura. Aos 16 anos já tinha lido obras dos grandes autores como Goethe, Bernardo Guimarães, José de Alencar, Alexandre Herculano, Arthur Conan Doyle e outros. Escreveu muitos artigos publicados em jornais populares. Todos foram perdidos.



As obras mediúnicas de Yvonne:

A obra mediúnica de YVONNE A. PEREIRA possui 20 livros. Alguns podem ser descritos neste breve espaço:


MEMÓRIAS DE UM SUICÍDA - Obra ditada em 1926 por Camilo Castelo Branco e completada por Léon Denis. Só foi publicada 30 anos depois. É um libelo contra o suicídio; um dos mais profundos livros espíritas, que descreve com minúcias o vale dos suicidas, no mundo espiritual e a vida post-mortem de um suicida.


 NAS TELAS DO INFINITO - O livro apresenta uma história narrada pelo espírito Bezerra de Menezes e uma novela transmitida pelo Espírito Camilo Castelo Branco.


AMOR E ÓDIO - Romance em torno de um ex-discípulo de Kardec e que recebeu deste um exemplar de “O Livro dos Espíritos” na época em que este foi lançado. É o relato da triste, comovente e altruística vida de Gaston de Saint-Pierre. Ditada pelo espírito Charles.


A TRAGÉDIA DE SANTA MARIA - Romance emocionante narrado pelo espírito Bezerra de Menezes, passado em uma fazenda de Vassouras, Rio de Janeiro.


DEVASSANDO O INVISÍVEL - Em estilo atraente, a médium YVONNE PEREIRA, narra, sob a supervisão de instrutores espirituais uma série de fatos por ela observados e vividos no mundo espiritual, ora em regiões celestiais, ora em verdadeiros abismos infernais, assim como o fizera Dante na Divina Comédia.


RESSURREIÇÃO E VIDA - Leon Tolstoi nos oferece uma obra tocada do mesmo humanismo que o inspirara quando encarnado. A leitura agrada, sobretudo porque o autor imprime admirável valor literário às histórias que conta, fazendo-nos voltar às paisagens e costumes imperantes na velha Rússia dos czares. Três histórias destacam-se: “O sonho de Rafaela”, que narra o sofrimento de uma mãe que perdeu a filha pequena e o ensinamento que um sonho pode trazer; “O Paralítico de Kiev”, mostra a luta de um nobre para vencer o orgulho. “O Segredo da Felicidade”, um homem que nos exemplifica o amor incondicional, como único caminho para a realização.


NAS VORAGENS DO PECADO - Magnífico romance que nos relata a trágica historia da matança dos huguenotes na “Noite de São Bartolomeu”, em 23 de agosto de 1572. Mostra uma vida passada de YVONNE PEREIRA na personalidade de Ruth-Carolina de la Chapelle. É o primeiro volume de uma trilogia que, de preferência, deve ser lida sequencialmente.


O CAVALEIRO DE NUMIERS - Segundo volume da trilogia que mostra a nossa médium na personalidade de Berth de Sourmeville.

O DRAMA DE BRETANHA - Terceiro volume da trilogia YVONNE PEREIRA, agora como Andréa de Guzman, não suporta os embates e se suicida por enforcamento.

DRAMAS DA OBSESSÃO - Esta obra mediúnica encerra duas novelas emocionantes, educativas e edificantes, baseadas na vida real, assim como as outras. Ditada pelo espírito Bezerra de Menezes.

RECORDAÇÕES DA MEDIUNIDADE - Confidências e reminiscências da singular mediunidade com a qual trabalhou YVONNE PREIRA.

SUBLIMAÇÃO – Histórias comoventes nas quais o suicídio é focalizado nas suas implicações morais e conseqüências aterradores. Nesta obra YVONNE PEREIRA é a encantadora Nina.

As outras obras são: “Família Espírita”; “Evangelhos aos Simples”; “Contos Amigos”; “O livro de Eneida”; “Cânticos do Coração” Volumes I e II; “Pontos Doutrinários” e “A Lei de Deus”.


O desencarne de Yvonne:


Desencarnou em 09 de março de 1984, no Hospital da Lagoa, no Rio de Janeiro. Todos os dias, às 18 horas, ela dirige-se, em companhia de espíritos abnegados, ao vale dos suicidas, a fim de interceder em favor deles junto a Maria de Nazaré.


Marilia Santos
Juventude Casa dos Humildes